sábado, 30 de junho de 2007

O amor doloroso

Neste sábado de tarde há quem esteja na praia, por estar sol, há quem esteja em casa por não suportar os outros, há quem não esteja sequer cá, por passá-la, à tarde de sol e de praia, na escuridão indiferente do dormir. Eu estive com os «Laços de Família» da Clarice Lispector, por ter sido assim que a conheci e hoje senti saudades dela. São contos. E como nunca leio livros de contos a começar pelo princípio, não me recordo qual o primeiro com que me cruzei. Lembro-me sim da interminável viagem aérea em que o livro me fez companhia, o interior do avião e sua eterna noite artificial.
Hoje tenho-o aqui e à frase «não, não se podia dizer que amava sua mãe. Sua mãe lhe doía, era isso». Mais logo, tarde porque é quase Verão, ir-se-á o sol e regressarão os banhistas. Eu acordarei para a noite da insónia, com saudades da vida por viver. Clarice Lispector viveu a vida sublimando em literatura a culpa de o seu parto ter sido a causa da paralisia da mãe. O amor dói quando é feliz, torna-se doloroso quando se ama tristemente.

sábado, 16 de junho de 2007

O medo

«Pinto tão mal que dá gosto», disse Clarice Lispector. Dois anos antes de morrer descobriu o medo, assim, neste quadro. Hoje vê-se e sabe-se o que é o medo de não saber quando se morre, nem porque se vive.

Haia Lispector

Abro hoje aqui um blog dedicado à escritora Clarice Lispector. Nasceu, em 10 de Dezembro de 1920 e faleceu na véspera de fazer 57 anos de idade, no dia 9 de Dezembro de 1977. Registada com o nome de Haia Lispector, foi a terceira filha de Pinkouss e de Mania Lispector. O seu nascimento ocorreu durante a viagem de emigração da família, saída da Ucrânia, em rumo ao Brasil, que seria a sua pátria de adopção.