quarta-feira, 25 de julho de 2007

O esgotamento do ser

«E dar as rosas era quase tão bonito como as próprias rosas», escreveu Clarice Lispector no seu conto «A Imitação da Rosa». Fui buscá-lo esta noite, talvez pela necessidade de encontrar no pensamento alheio um enunciado do que seja a amabilidade na generosidade de aceitar. Achei-o na sua frase «a uma coisa bonita faltava o gesto de dar». Uma mulher que assim pensa, entrega-se à vida, para que ela lhe esgote o ser. Disse-o: «Através de meus graves erros — que um dia eu talvez os possa mencionar sem me vangloriar deles — é que cheguei a poder amar. Até esta glorificação: eu amo o Nada».

domingo, 15 de julho de 2007

Tentativa de ser

Escritora e também pintora, exprimindo-se pelo que se sente vendo-se, Clarice Lispector pintou este quadro e chamou-lhe «Tentativa de Ser Alegre». Como se de sémen passeando-se em águas maternas ele fosse feito, o quadro dói para os que teriam no sexo a alegria de viver se na sua ausência não encontrassem a demonstração da dor.