Chamava-se Laura e Clarice dedicou-lhe um pequeno livro, meigo de palavras e de sentimentos. O livro intitula-se «A Vida Íntima de Laura». Vê-se que é escrito por quem gosta de Laura. Porque diz que «Laura é bastante burra», pois «pensa que pensa», mas «em geral não pensa em coisíssinha alguma», mas no fim, a história do livro não mata Laura, apesar de Laura de «tão burra que não sabe que só se morre uma vez, ela pensa que todos os dias a gente morre uma vez».
Chegou-me hoje, por amizade carinhosa, a história de Laura, que tinha «cara de ontem», que é como eu, uma «cara mal dormida».
Esta noite, mais uma noite de madrugada e de acordar cedo, porque às seis estou no comboio, vim aqui dizer que Laura é uma galinha. E mais: como «a vida íntima» são «coisas que não se dizem a qualquer pessoa», peço a quem me ler que guarde para si: morreu a Zeferina, em vez da Laura, comida «com molho pardo». Era prima em quarto grau de Laura, ruiva também.